“Sabe-se hoje que a forma de arquitectura mais universal, acessível a uma grande parte das populações, e provavelmente uma das mais antigas foi e é aquela que utilizou e utiliza a terra como material de construção.
O barro e os materiais vegetais entrançados terão sido, juntamente com alguma pedra, formas elementares de estruturar um abrigo. Mas outros modos haveriam de ocorrer, quer os baseados na taipa (terra prensada dentro de cofragens), quer no adobe (blocos secos ao sol), quer ainda no tabique (estruturas de madeira em engradado, preenchidas com barro).
Todas essas formas de construir existiram em Portugal e interessaram a vários estudiosos, embora não tanto como se impunha, sobretudo num país onde as formas vernáculas de viver e de habitar tenderam a uma modernização muito rápida nas últimas décadas.
Com o advento do Modernismo, a terra foi marginalizada enquanto material de construção.
O seu baixíssimo impacto ambiental, as excelentes propriedades térmicas, plásticas e construtivas são contudo verdadeiramente notáveis e nos últimos anos tem-se assistido a um grande incremento no interesse por esta temática. Tal nota-se inclusivamente em dois extremos (aparentemente) opostos: a consciência de que a arquitectura em terra é mais ecológica e que é menos dispendiosa, podendo produzir obras inovadoras de grande qualidade e conforto.
Numa época em que, por mais gasta que a palavra esteja, é fundamental falar de sustentabilidade em todos os campos da actividade humana, constata-se que as novas respostas construtivas para o habitat humano continuam a ser convencionais ou convencionadas por um mercado vasto e agressivo que é o dos materiais de construção industriais.
Seja por necessidade, seja por opção, a terra crua é um material que se afirma no horizonte do futuro de uma construção mais sustentável.”
in COSTA, Paulo, “O equilíbrio construtivo da arquitectura actual através da terra crua e da taipa”, FAUP, Porto, 2010
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