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08 maio 2023

Seminário Internacional: Que futuro para a Arquitetura Vernácula e Arquitetura de Terra?_Porto_15-16 Junho 2023_ VERSUS+ | Heritage for People


Seminário Internacional: Que futuro para a Arquitetura Vernácula e Arquitetura de Terra?
a realizar no Porto nos dias 15 e 16 de Junho de 2023, no âmbito do projecto VERSUS+ | Heritage for People
Nos últimos anos, a arquitetura vernácula e a arquitetura de terra têm enfrentado múltiplos desafios em todo o mundo, os quais ameaçam sua sobrevivência.
Em várias regiões, o conhecimento intangível está a desaparecer rapidamente, em parte devido ao facto de haver menos pessoas a manterem viva a cultura construtiva e seu know-how.
Para discutir o futuro da arquitetura vernácula e da arquitetura de terra, convidamos profissionais e investigadores interessados, a reunirem-se no Porto, nos dias 15 e 16 de junho de 2023.
O evento será estruturado em três sessões com debates e uma mesa-redonda. O Seminário Internacional de Arquitetura Vernácula e Arquitetura de Terra será dedicado à documentação vernácula, ao Património Mundial, ao conhecimento intangível, à transferência de conhecimento, à ação climática, à adaptação; e uma mesa redonda final, com contribuições das participantes. O objetivo principal da mesa-redonda será definir caminhos a seguir, para manter viva a arquitetura vernácula e a arquitetura de terra.
Uma publicação, com os artigos dos palestrantes e as notas da mesa-redonda, será publicada em 2023.

Seminário Internacional & Mesa Redonda sobre:
Que futuro para a arquitetura vernácula e a arquitetura de terra?
Sessão 1: Preservar o Passado
Documentação vernácula e Património Mundial
Sessão 2: Valorizar o Presente
Conhecimento intangível e transferência de conhecimento
Sessão 3: Preparar-se para o Futuro
Ação climática e adaptação
Mesa-Redonda: Que futuro para a arquitetura vernácula e a arquitetura de terra?
Organização:
DAMG-UPT | Departamento de Arquitetura & Multimedia Gallaecia da Universidade Portucalense.
CIAUD-UPT | Pólo do Centro de Investigação em Arquitetura, Urbanismo & Design, na Universidade Portucalense.
ICOMOS-Portugal
Enquadramento:
VERSUS+ | Património para as pessoas
Cátedra UNESCO em arquitetura de terra, culturas construtivas, & desenvolvimento sustentável.
Parceria:
UPV, Spain; UNIFI, Italy; UNICA, Italy; CRAterre-ENSAG, France.
Informação importante:
- Os interessados devem enviar email para: ciaud-upt@upt.pt (até: 15 de maio).
- O e-mail deve incluir: título da sessão; título do artigo; autores; afiliação (instituição e país) e resumo curto (máx. 200 palavras).
- Os organizadores responderão: nos três dias seguintes, a informar sobre a aceitação (ou não) do resumo.
- Se o resumo for aceite: os palestrantes apresentarão a sua comunicação, no Porto, nos dias 15 e 16 de junho.
- Os palestrantes devem enviar: um artigo de 4 a 6 páginas até 7 de julho de 2023. Mais instruções serão enviadas após a aceitação do resumo. O artigo será publicado após o Seminário Internacional.
- Idioma da comunicação e artigo: inglês.
Vários especialistas já confirmaram a sua participação, pelo que todos os potencias palestrantes, interessados em participar, deverão enviar um resumo, o mais breve possível.

in English
On the last years, vernacular architecture and earthen architecture have faced multiple challenges worldwide, which have threaten their survival. In several regions, intangible knowledge is disappearing fast, in part due to the fact there is less people keeping the building culture and its know-how alive.
To discuss the future of vernacular architecture and earthen architecture, we are inviting interested professionals and researchers to meet in Porto, on June 15 & 16, 2023.
The event will be structured in three sessions with debates and a round-table. The International Seminar on Vernacular and Earthen Architecture will be dedicated to vernacular documentation, World Heritage, intangible knowledge, knowledge transfer, climate action, adaptation, and a final round-table discussion with input from participations. The key-purpose of the round-table will be to establish ways forward, on how to keep vernacular and earthen architecture alive.
A publication with the paper’s proceedings, and the round-table notes, will be published in 2023.

International Seminar & Round-Table on:
Which future for vernacular architecture & earthen architecture?
Session 1: Preserving the Past
Vernacular documentation & World Heritage
Session 2: Valuing the Present
Intangible knowledge & knowledge transfer
Session 3: Preparing for the Future
Climate action & adaptation
Round-Table: Which future for vernacular architecture & earthen architecture?
Organisation:
DAMG-UPT | Department of Architecture & Multimedia Gallaecia at Portucalense University
CIAUD-UPT | Research Centre in Architecture, Urbanism & Design at Portucalense University
ICOMOS-Portugal
Framework:
VERSUS+ | Heritage for People
UNESCO Chair on earthen architecture, building cultures, & sustainable development.
Partnership:
UPV, Spain; UNIFI, Italy; UNICA, Italy; CRAterre-ENSAG, France.
Important information:
- Interested speakers should send an email to: ciaud-upt@upt.pt (no later than: May 15).
- The email should include: session title; paper title; authors; affiliation (institution, & country), and short abstract (max. 200 words).
- Organisers will respond: in the following three days, informing about the acceptance (or not) of the abstract.
- If the abstract is accepted: speakers will present their communication in Porto, on June 15 & 16.
- Speakers should submit: A 4 to 6 page paper should be send by July 7, 2023. Further instructions will be sent, following the acceptance of the abstract. The paper will be published in the Seminar proceedings following the event.
- Paper presentation and publication: Will be in English.
Several experts already confirmed their participation, so all the interested speakers should send an abstract, as soon as possible.

Construção em Terra, o Adobe de Aveiro_Ana Velosa














Construção em Terra, o Adobe de Aveiro
22 Abril, 2023
Por Ana Luísa Pinheiro Lomelino Velosa*
Sendo a terra um material de construção usado desde tempos ancestrais, devido à sua disponibilidade e facilidade de utilização, continua a ser utilizada na atualidade na execução de materiais de construção com uma forte componente ecológica.
A terra crua, sem recurso à utilização de processos de cozedura, é um material acessível que foi amplamente utilizado através dos séculos em obras emblemáticas tais como a Muralha da China, o Alhambra de Granada, a cidadela de Chan Chan, no Peru, ou a cidade antiga de Shibam, no Iémen, todas classificadas como património mundial pela UNESCO.
O uso da terra como material de construção compreende uma elevada versatilidade, sendo aplicável em várias técnicas construtivas para a execução de paredes. Embora as técnicas de construção em terra estejam muitas vezes associadas à arquitetura vernácula, é indubitável a sua utilização lata por diversos tipos de edifícios, englobando muralhas, estruturas monumentais e edifícios urbanos e rurais. De entre os vários tipos de construção em terra, destacam-se as paredes executadas com blocos de adobe, em taipa ou paredes de tabique, todas elas com ampla utilização em Portugal.
Aveiro situa-se numa zona onde não abunda a pedra e sendo prática o recurso da construção tradicional a materiais locais, até há algumas décadas atrás, o adobe foi o material de eleição para construções rurais e urbanas. Na região de Aveiro, a construção em alvenaria resistente de adobe teve grande relevância nos finais do séc. XIX, e primeira metade do séc. XX, decrescendo o seu uso até aos anos sessenta do século XX. O adobe de Aveiro é conhecido como “adobe de cal” devido à especificidade da sua composição, com base em agregados provenientes de areeiros locais e cal aérea. Foi empregue numa zona mais vasta que abrange a Murtosa, a norte, e a zona de Mira, a sul. Produzido por adobeiros, que garantiam uma produção em série e marcavam os seus adobes, tinha também uma componente de produção própria associada a fenómenos de auto-construção. No entanto, na proximidade de Aveiro, devido à presença de matérias-primas distintas, também foram executados adobes com lodo e fibras, com especial relevância na zona de Fermentelos, na vizinhança da Pateira de onde eram extraídos estes materiais.
Sendo os adobes de Aveiro, adobes de cal, seria sempre empregue cal aérea para a sua estabilização. Embora existam relatos da utilização de cal dolomítica, ou “cal churra” como era designada e isso fosse possível devido à proximidade de produção de cal com estas características, análise efetuadas ao adobe revelam preponderantemente o uso de cal cálcica. Também, devido à especificidade de serem “adobes de cal”, era empregue uma quantidade de cal viva significativa que se estima em 1 volume de cal viva para 3 ou 4 volumes de terra. A prática tradicional pressupunha o apagamento da cal juntamente com a terra, permitindo que a reação exotérmica se desse já com a mistura e eventualmente gerando uma maior coesão entre os materiais empregues. Esta necessidade de estabilização é adicionalmente motivada pelo facto de que a terra empregue para manufatura de adobes na região de Aveiro era extremamente arenosa e continha uma baixa fração argilosa.
A produção desenrolava-se entre os meses de maio e setembro e os adobes eram guardados durante um ano antes de se proceder à sua utilização. Este procedimento é fundamental em adobes de cal, pois permite a carbonatação do ligante e o endurecimento dos blocos com vista ao seu manuseamento e uso.

* Professora Associada com Agregação no Departamento de Engenharia Civil (DECivil) da Universidade de Aveiro.

Artigo publicado originalmente no site UA.pt. para assinalar o Dia Mundial da Terra e republicado em https://www.noticiasdeaveiro.pt/construcao-em-terra-o.../

05 maio 2023