Conferencista_
Márcio Albuquerque Buson - Possui graduação em Arquitectura e Urbanismo pela Universidade de Brasília (1985-1990) e mestrado em Arquitectura e Urbanismo pela Universidade de Brasília (1996-1998).
Actualmente é professor da Área de Construção do Departamento de Tecnologia em Arquitectura e Urbanismo da FAU/UnB. Doutorando em Tecnologia da Construção pela FAU/UnB com Estágio de Doutoramento no DECivil da Universidade de Aveiro.
Tema_
KRAFTTERRA é um projecto experimental de Doutoramento em desenvolvimento na Universidade de Brasília (FAU/UnB) e na Universidade de Aveiro (DECivil/UA). O tema envolve o processo de produção e a análise de desempenho de blocos de terra compactada - BTCs - com a incorporação de fibras de papel kraft proveniente da reciclagem de sacos de cimento.
A Indústria da Construção Civil gera uma grande quantidade de resíduos sólidos, o que proporciona um enorme impacto ambiental pelo facto desse entulho de obra ser em grande parte descartado na natureza sem qualquer aproveitamento ou tratamento. O estudo inside sobre o papel kraft oriundo dos sacos de cimento, os quais na sua grande maioria não são reciclados por se encontrarem "contaminados" pelo cimento. Em Portugal, este resíduo é considerado tóxico e perigoso, não sendo recomendada a sua colecta e/ou depósito nos ecopontos.
A conferência terá lugar no Salão Nobre da Universidade Fernando Pessoa, no Porto, quinta-feira, dia 14, pelas 18.00h.Blocos de BTC_Solo-cimento
Pergunta: Partindo de uma lógica de reaproveitamento das fibras de papel kraft com vestígios de cimento, que é interessante, quase ecológica, coloco a questão, será que inserindo-as na terra, não estaremos nós a contaminar uma técnica que pressupõe elementos físicos naturais e compatíveis? A contrução em terra é como um músculo, será que queremos ter cimento a correr nas veias?
3 comentários:
Antes de mais agradeço o comentário no meu blog. O post ainda não está totalmente concluído, mas tinha imensa vontade de divulgar os resultados e como tal tive de escrever qualquer coisa.
Bom, pego no que escrevi no meu "canto" para fazer uma espécie de ligação à tua questão, que é, aliás, bastante pertinente. Sou ainda uma purista no que à adição de estabilisantes à terra diz respeito. Não concordo com o uso do cimento misturado com a terra. Parece-me inapropriado misturar dois materiais com essências tão distintas! Em relação ao projecto dos blocos que referes, julgo que é necessário que estes se testem exaustivamente para que se possa aferir qual o efeito dos resíduos de cimento no produto final. E já agora, como vai o cimento afectar a "reciclabilidade" dos blocos?
Se fores à conferência, conta como foi! :)
"Caros amigos da terra. Gostei da conversa sobre a palestra do kraftterra. Sou o palestrante e gostaria de acrescentar algumas informações. Concordo com a Célia e também com o José. O kraftterra é um novo compósito produzido a partir da reciclagem do papel kraft proveniente dos sacos de cimento, ou sacos de cal, ou sacos de pão ou outro resíduo ou entulho. Com a incorporação das fibras do papel kraft já foi possível reduzir pela metade o uso do estabilizante cimento na produção de BTCs. O ideal seria eliminar o cimento e espero chegar lá. Sobre a incorporação das fibras estar "contaminando" o material terra, lembro que as fibras do papel kraft são naturais e provenientes de madeiras moles ou do bambu. No processo de transformação e reciclagem as fibras são literalmente lavadas e trituradas restando muito pouco ou nenhum resíduo químico na polpa de celulose. Acho que assim não estamos contaminando nada. O que acham?
Sobre a reciclabilidade do kraftterra... O compósito é semelhante aos adobes que foram produzidos com alguma fibra, como palha ou estrume de vaca. Certamente poderemos reutilizar o material várias vezes. Não acham?
Devo mostrar o projecto kraftterra em algumas universidades de portugal. Na próxima semana devo ir à Vasco da Gama (Coimbra) e também na UTAD (Vila Real). Quem sabe não nos vemos por lá. Grande abraço a todos"
Márcio Buson
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